sábado, 18 de setembro de 2010

O Cavaleiro Corcunda















O Cavaleiro Corcunda
Projecto Pumba - Marionetas e Formas Animadas

Viajantes inseparáveis da sa carroça, servem-se dela para montar o palco onde contam as peripécias de Leopoldo, o corcunda, que terá que provar que está à altura de se tornar cavaleiro e casar com a linda princesa.

http://projectopumba.blogspot.com

Foto feita em Alvalade do Sado - 18/09/10

Alvalade Medieval














À semelhança dos anos anteriores, Alvalade, freguesia do concelho de Santiago do Cacém, comemora mais uma vez a concessão do Foral, que assinala este ano 500 anos. O evento, tem lugar no núcleo histórico de Alvalade, durante os dias 17, 18, 19 e 20 de Setembro de 2010.

Durante 3 dias, a vida quotidiana do homem da Idade Média é recriada em Alvalade com todo o rigor, através de um programa que compreende a realização de um cortejo... histórico onde estarão representadas todas as classes sociais da época, e uma Feira Medieval animada com trovadores, justas medievais, teatro, mostra e exibição de armas, danças medievais, venda de produtos e ainda um restaurante com ementa medieval.

Foto feita em Alvalade do Sado - 18/09/10

sábado, 11 de setembro de 2010














Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. Não faças poesia com o corpo, esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes. Nem me reveles teus sentimentos, que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem. O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz. O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas. Não é música ouvida de passagem; rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma. O canto não é a natureza nem os homens em sociedade. Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam. A poesia (não tires poesia das coisas) elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques, não indagues. Não percas tempo em mentir. Não te aborreças. Teu iate de marfim, teu sapato de diamante, vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas tua sepultada e merencória infância. Não osciles entre o espelho e a memória em dissipação. Que se dissipou, não era poesia. Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consuma com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave?
Repara: ermas de melodia e conceito elas se refugiaram na noite, as palavras. Ainda úmidas e impregnadas de sono, rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Carlos Drummond de Andrade, in Pavablog.

Foto feita em Vila Real - 13/08/10


(...) Se os sentimentos são inerentes a estar aqui e ser humano, é necessário que, à partida, se procure os melhores, os positivos. Amar é um esforço intelectual. E quando se ama muito e só, sem espaços de sombra, transformamo-nos num sol. As plantas vivas dependem dessa estrela para chegarem à fotossíntese. Chamem-me hippy, chamem-me o que quiserem. Em qualquer dos casos, continuarei a saber de cor a letra de Something to belive in, Ramones, 1986.
José Luís Peixoto, Visão, nº 914