quarta-feira, 22 de outubro de 2008


É que madruga
O realejo
Nos passeios – ganha
Em altura,
A roda. Insolente,
Trepa
Da rua às casas,
Ainda quentes,
Enquanto lá em baixo
Deus corta o fio que
Libertando a trama
Enche de fumo
O espelho junto à cama. E já


Explode a tua vida,
Ao bater brusca
No catavento em chamas.
Cortante, no frio da manhã,
A ventania junta
Em redor do galo
A plumagem, taciturna,
Que levanta no alto
Daquela cidade,
Os telhados,
Inclinados sempre
- quando se ama.


A roda cantarola, vai
E vem nas horas
Que passam, aguçadas,
Já não vem ninguém?



Gil de Carvalho
Novas de De Fevereiro a Fevereiro, Centelha, Lisboa, 1987

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